0663. Fado do Autarca

Sai do meu gabinete
Não tropecei no tapete
E pus os pés ao caminho!
Para carregar bem as pilhas
Fui direitinho ao CUBILHAS
Mamei o primeiro branquinho!

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Fiquei assim satisfeito
Mandei dois murros no peito
Fiz mais um furo no cinto!
Como não me comprometo
Só parei no GATO PRETO
Mandei-lhe com mais um tinto!

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Assim vou caminhando
Aquecendo em lume brando
Pelas ruas da Figueira!
E para aquecer a tripa
Vai um tintinho da pipa
No Ti MANEL DA PARREIRA!

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Lá sai todo emproado
Ao jeito de um deputado
Endireitei a marreca!
E lá fui no meu embalo
Rumei à tasca do GALO
Mamei mais uma bejeca!

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Sai apressadamente
Ia mais ou menos quente
Já com um calor na pinha!
Ora caio, ora não caio
Entrei no PAPAGAIO
Virei mais uma ginjinha!

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Não empurrem, eu aguento
Tá quietinho ó vento
Que tu a mim não me abanas!
Qual ventania, qual quê
Lá vai mais um panache
Aqui no CHALET DAS CANAS!

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Inda tenho muito para andar
É melhor ir apanhar
Um ar fresquinho na tola!
Mas não passo sem beber
Um bagaço para aquecer
No Esteves da CAÇAROLA!

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A coisa está a ficar feia
É melhor ir à boleia
Se não ainda me engancho!
Mas porque ainda é cedito
Lá vai mais um bagacito
No Carlitos do RANCHO!

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Já não sei se sou cowboy
Bergkamp ou Van Nistel Roy
Se sou Tarzan ou Tintin!
Já não me lembro de nada
Vou fazer uma mijada
À porta do Bergantim!

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Três vezes já mijei
Quatro vezes arrotei
Já não encontro a braguilha!
Como ainda não abano
Vou ali ao MEXICANO
Enfardar uma tequilla!

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Neste meu jeito de autarca
Já pus a bola na marca
Isto sim é futebol!
Já tomei algum balanço
No TAYTI não há falhanço
Num penaltie de tintol!

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Em direcção a Buarcos
Já vejo ao longe os barcos
Tá chegando o fim do dia!
Já bebi que nem um urso
E prá seguir o percurso
Vai um fino no MARESIA!

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Ele é branco, ele é tintinho
Ele é ginga, ele é fininho
Não há nada que não caia!
Tenho de apressar o passo
Inda vai mais um bagaço
Pode ser na ADEGA PRAIA!

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Tou a ficar pesadão
Já perdi a audição
Vou comprar um sonotone!
Para ver se isto me passa
Vou mamar uma cachaça
A Buarcos ao TYRONE!

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Já estive bem pior
Agora já estou melhor
A saúde não se esgota!
E para não ficar com dor
Agora vai um licor
Pode ser na CASA MOTA!

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Como sou um bom autarca
Se bebo não olho à marca
Seja tinto ou cachaça!
DORY NEGRO é o destino
Ah grande Diamantino
Passa pra cá uma taça!

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Estou quentinho, sim senhor
Apetece-me um licor
E até pode ser Beirão!
Como ainda há pecúlio
Subo a rua, vou ao Júlio
Vou bebe-lo ao União!

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Isto assim é que é uma festa
Não há vida como esta
É disto que o corpo gosta!
Já começa a anoitecer
E pra não arrefecer
Vai uma aguardente no COSTA!

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Minha mãe bem me dizia
Seja de noite ou de dia
Engole mas não mastigues!
Eu sigo os conselhos dela
E vou molhar a goela
Ao meu amigo RODRIGUES!

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Goela bem molhadinha
Vai mais uma pinguinha
Que beber não é pecado!
Por isso vamos em frente
Lá vais mais uma aguardente
Pode ser no ATRASADO!

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Estou a acabar o percurso
Já bebi que nem um urso
Agora vou para a Figueira!
Isto assim é que é vidinha
Vai mais uma garrafinha
E tem que ser na TRAINEIRA!

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Estou a ficar com fraqueza
E prá acabar em beleza
Vou beijar outro balcão!
Vou pró Casal do Rato
Umas moelas no prato
Três tintos no BARRACÃO!

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Pronto! Estou atestado
Vou mas é pró outro lado
Prás enguias sem igual!
Já estou a ficar com a breca
Vou bater uma soneca
Pró BARRACÃO DO SAL!

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Agora vou terminar
Amanhã vou trabalhar
Não bebo mais um pintelho!
Se não ficar bom da bola
O Tony dá-lhe na tola
Mostra-me o cartão vermelho!

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Letra: Peter - Silgo
Música: Bifanas Big Band

*Fadista: Zé tintol
*À viola: Carlos Branquinho
*Viola-baixo: Tony Ginja
*Guitarra portuguesa: Joaquim Panache