segunda-feira, 30 de julho de 2007
2783. Um dia o castelo vem abaixo...
Um dia o Castelo vem abaixo
28.JUL.07. Foi memorável a estreia dos Gogol Bordello em terras lusas. O colectivo multinacional, liderado pelo ucraniano Eugene Hütz, não defraudou expectativas e rubricou aquele que é já, para muitos, o concerto do ano.
Se fosse Homer Simpson diria: “Do ano? Do ano, até agora...”. Sim, porque Gogol Bordello regressam já em Agosto para mais um concerto, no Festival Paredes de Coura, que se adivinha escaldante.
“Estão a ter uma noite divertida? Talvez possamos contribuir com algum coisa para a vossa noite! Talvez um gipsy-punk-rock?”, questionou Hütz. A resposta já é por demais conhecida.
“Ultimate”, do mais recente disco “Super Taranta”, editado este mês de Julho, abriu as hostilidades. O Castelo de Sines, a abarrotar, nunca houvera travado tamanha batalha. Milhares de almas exorcizavam ao som do “gipsy punk” dos Gogol Bordello.
“Immigrant Punk” deu o mote para o mosh que, depois de arrancar, foi difícil travar. Foram pouco mais de 60 minutos de emoções ao rubro. Um mosh saudável, sem a componente agressiva de um concerto punk ou de metal. Seguranças para travar as investidas dos festivaleiros? Zero. Tudo numa boa onda, sem “armários saídos dos ginásio” a estorvar ou a ver a quem “acertar o passo”... Imaginam um festival onde dá para “moshar” descalço?! Então é o FMM.
Atrevido, endiabrado, provocador. Assim foi Eugene Hütz. Em palco e fora dele. Sim, porque o sr. Eugene também andou pela plateia. O escanzelado ucraniano saltou, rastejou, dançou, espicaçou a plateia e ganhou a aposta.
“Somos os vossos novos amigos daqui para a frente”, garantiu Hütz.
O público, na ordem dos 20 mil “bandidos”, aplaudiu e concordou.
O último concerto no castelo de Sines, no âmbito do 9º Festival Músicas do Mundo, não poderia ter sido melhor. “Sally” e “Not a crime” tiveram direito a fogo-de-artíficio e a papelinhos brilhantes atirados ao céu. Momento mágico e único num festival que cativa pela organização, pelo ambiente, pela simplicidade. Aqui ninguém complica. Um exemplo a seguir por outros festivais por este burgo fora.
“East Infection” trouxe ao palco a animação da thai-americana Pamela Racine, mulher bonita quanto energética. Não deu descanso ao bombo.
Mas, com muita pena minha, registei uma falta a vermelho no livro de presenças. Onde esteve Elizabeth Sun, a escocesa, de origem chinesa, que divide com Pamela a percussão, dança e as “backing vocals”?!?! Ninguém explicou...
Quase sem interrupção, os Gogol Bordello metralharam com “Dogs Were Barking”, “Wonderlust King” e Mishto”. Em palco Hütz foi ainda acompanhado pelo violinista russo Sergey Ryabtsev, o acordeonista russo Yury Lemeshev, o guitarrista israelita Oren Kaplan, o baterista norte-americano Eliot Ferguson e o baixista etíope Thomas Gobena.
Os temas “60 Revolutions”, “Start wearing Purple” e “Think Locally/Fuck Globally” comprovaram a crítica. Os Gogol Bordello são, sem a mínima dúvida, a revelação do ano.
No palco houve direito a três encores. “Santa Marinella”, Mala Vida, “Baro Foro”, e “Undestructable” deram a festa por encerrada. O público, insaciável, pediu mais. A banda bem queria – eu vi a Pamela a chorar emocionada com o carinho do público – mas Eugene deixou uma promessa: “Vemo-nos em breve. Muito breve!”, afiançou.
Tão breve quanto Paredes de Coura. Já no próximo dia 14. Uiiiii Fiestaaaaaa!
** Texto e Fotografias by Paulo Dâmaso
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