terça-feira, 17 de julho de 2007

2721. Marky Ramone ressuscita punk durante 70 minutos

"Marky Ramone, na bateria, com Sebastian, dos Expulsados, na voz".
Fotografia: Paulo Dâmaso


O punk-rock morreu - quem que seja que o disse estará por esta altura às voltas no túmulo. A prova de que o punk está vivo - e recomenda-se - materializou-se anteontem à noite, no "Hey ho let's go summer fest!", no Ginásio Clube de Corroios Marky Ramone ressuscitou.

Não há cristas nem penteados exuberantes, mas continuam válidos os condimentos que deram origem à cultura punk na década de 70 o princípio de autonomia faça-você-mesmo, o súbito interesse pela aparência, tosca e agressiva, a simplicidade de ser, o sarcasmo niilista e o genérico interesse pela subversão cultural.

No dia em que comemorou o 51.º aniversário Marky Ramone, 1/4 dos célebres nova-iorquinos Ramones, foi o cabeça-de-cartaz do festival punk. Mais de meio milhar responderam à chamada do vigoroso baterista que, pela segunda vez em menos de um ano, passou por palco nacionais.

O legado "ramoniano" saiu do baú e, ao longo de aproximadamente 70 minutos, desfilaram alguns dos temas clássicos da banda, pioneira do movimento punk no lado atlântico de lá. 28 canções fizeram a alegria dos fãs - e ainda são muitos - que têm na ponta da língua as letras do grupo dos finados Joey, Dee Dee e Johnny.

Tal como em Janeiro, Marky fez-se acompanhar por amigos. Sebastian (vocalista dos argentinos Expulsados) voltou a reencarnar Joey Ramone. A guitarra e o baixo foram entregues a Joe Queer e Dangerous Dave (ambos dos Queers). O quarteto cumpriu o que deles se esperava a máxima aproximação à métrica seca e à sonoridade pungente dos criadores do grito "Gabba gabba hey". A plateia rendeu-se ao seu minimalismo.

Num concerto essencialmente revivalista, e com direito a dois encores, o público decidiu cantar os parabéns a Marky Ramone - o baterista teve mesmo direito a bolo e velinhas. "Happy Birthday dear Marky!", cantaram todos em uníssono. A guloseima acabou arremessada para o meio do público.

No aquecimento, o espectáculo contou com a actuação - que desiludiu - dos Queers. Antes, dois grandes concertos dos portugueses Capitão Fantasma e Mata-Ratos. Decreto 77, Grankapo e Blesse The Oggs completaram o cartaz.

TEXTO E FOTO: Paulo Dâmaso in Jornal de Notícias

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