Foi há dois anos que…

… A voz do outro lado do telemóvel confirmava as minhas suspeitas iniciais: “Tem calma, Paulo… o teu irmão… tem leucemia… mas não é, diz o médico, das mais graves… É curável”.

Naquele dia quente de Verão, dividido entre o trabalho e uns martinis no café da “Selene”, em Maiorca, andava apoquentado. O meu irmão Nuno não andava bem e ninguém percebia porquê.

Há já alguns dias que ele, com os seus 12 anitos, se queixava de dores nos joelhos e nos tornozelos. Lá em casa julgamos ser normal, uma vez que o Nuno jogava futebol no Rosa Náutica. Queria ser guarda-redes. O Moreira era um dos seus ídolos…

Em poucos dias, as dores agudizaram. O Nuno começou a perder apetite e peso. Aos 12 anos, o Nuno estava prestes a “alcançar-me” lá nos meus 1,79m. Começou a ficar pálido e com os lábios gretados.

“Pode ser anemia ou uma porra assim!” – disse lá em casa. Mas o meu pressentimento ia mais longe…

A preocupação começou a tomar conta da família. O Nuno foi ao Hospital da Figueira e nada. Os médicos não diagnosticaram nada… nadinha… Todos estranhamos!

Fomos a Coimbra. Os piores receios confirmaram-se…

Contudo, nada estava perdido… Dois anos de tratamentos e ficarias “como novo” ou quase...

Prometi, na altura, que em Setembro de 2005 juntaria neste dia toda a família para “celebrar” a tua vitória sobre a doença. Mas, o fim da história já é conhecido…

Hoje, não consigo juntar a família à minha (nossa) beira para este jantar, que seria de arromba. “Com ucranianas, gajas nuas, macacos e anões”, dizia na brincadeira.

Hoje, os destroços da tua morte são mais fortes do que qualquer “Katrina”… Do que qualquer Tsunami… A dor dá lugar à revolta…

Tenho saudades tuas.
Sinto a falta do teu sorriso.

Amo-te Nuno Dâmaso (e sempre amarei)

Do teu irmão, Paulo Dâmaso