sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

[ faltam 05 dias... ]

Marky Ramone, em entrevista exclusiva ao JN: "Os Ramones foram pioneiros do punk e marcaram uma era"

A cinco dias do concerto de Marky Ramone em Lisboa, a minha entrevista ao baterista dos Ramones foi publicada hoje no Jornal de Notícias [ clicar aqui ]. "Os Ramones foram pioneiros do punk e marcaram uma era". Concordamos todos, né?!

Muitas das perguntas que fiz ao Marky ficaram de fora da entrevista... Como bonus aos leitores da Confraria das Bifanas deixo aqui a totalidade da entrevista. A parte que mais gostei?! A mordidela do cão... ah ah ah... novo bonus, no final da entrevista há um video para ver e ouvir: "I Believe in Miracles" [ uma das minhas favoritas ]

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"Os Ramones foram pioneiros do Punk e marcaram uma era

Paulo Dâmaso

Marky Ramone (aka Marc Bell), 50 anos, baterista da formação clássica da banda nova-iorquina The Ramones, está em digressão por Espanha para assinalar os 30 anos do lançamento do primeiro álbum da banda pioneira do punk. O Santiago Alquimista, em Lisboa, recebe a 3 de Janeiro, o único espectáculo agendado em Portugal. Em entrevista exclusiva ao JN, em Madrid, Marky Ramone falou do passado, presente e futuro dos Ramones, da sua autobiografia e do ataque de que foi alvo, em Lisboa, por um cão vadio.

Jornal de Notícias: O álbum “Ramones”, de 1976, foi um marco na história da música?
Marky Ramone: Penso que foi um disco que marcou uma geração inteira e transformou os Ramones nos pioneiros do movimento punk-rock. Assinalar esse feito é uma celebração, é uma data importante e os fãs da banda desafiaram-me a vir para a rua e a tocar. Os espectáculos desta digressão, incluindo Portugal, serão compostos exclusivamente por um set de canções dos Ramones.

Quem escolheu as músicas do alinhamento da digressão?
Fui eu. Peguei nas canções mais emblemáticas da banda e aqui estamos nós... É tudo culpa minha (risos).

Quais são as suas 5 canções preferidas dos Ramones?
“Sheena is a punk rocker” (o primeiro single mundial a ter a palavra “punk” no título), “Blitzkrieg Bop”, “I wanna be sedated”, “KKK took my baby away” e o “Rock´n´roll High School”.

Este será o seu segundo concerto em Portugal. Em 78 juntou-se à banda e no início da década de 80 actuaram em Lisboa. Guarda algumas memórias desse espectáculo?
Lembro-me que os fãs eram frenéticos e festivos, mas também guardo uma má recordação dessa passagem por Portugal. Íamos pela rua, ao cair da noite, e fui atacado por um cão vadio. Andávamos a deambular e esse cão seguia-nos. Tentamos enxotá-lo mas ele continuava a perseguir-nos. Às tantas, e sem ninguém contar, atirou-se à minha perna e mordeu-me. Não precisei de ir ao hospital e o episódio até acabou por ser engraçado. Nessa noite toquei ainda com mais garra em tributo a esse cão danado (risos).

Como é ser considerado o “último” dos Ramones?
Joey, Johnny e o Dee Dee já não estão, infelizmente, entre nós. Mas o Tommy (baterista original da banda) e o C.J. ainda estão vivos. É verdade que sou eu quem continua a manter vivo o legado da banda. Continuo a tocar, tenho um programa radiofónico (na Sirius Satellite Radio) e com isso mantenho vivo o espírito e a música dos Ramones. Isso é importante para futuras gerações porque, honestamente, as nossas músicas são boas demais para não serem tocadas.

Qual foi o segredo dos Ramones para o sucesso, ainda que nunca - felizmente – tenham caído na garra do comercial?
(risos) Éramos apelativos. Os fãs olhavam-nos e sentia-nos reais. Não fomos nenhum produto fabricado pela máquina comercial. Tocávamos rápido, transpirávamos atitude e, por isso, influenciámos muitas outras bandas.

Sendo baterista como se sentia em ter o baixista (Dee Dee e o C.J.) sempre a gritar "1-2-3-4" e a marcarem o ritmo?
Há um segredo. O Dee Dee gritava “1-2-3-4” mas eu não seguia o seu contar. Eu é que marcava o ritmo e a que velocidade iríamos. Por exemplo, o “Loco Live” – gravado em 1991 em Barcelona – tem um ritmo muito rápido mas apropriado, visto ser um disco ao vivo.

Foi fácil a transição de Marc Bell (nome verdadeiro) para Marky Ramone?
A minha avó costumava-me chamar Marky quando eu era pequeno. Marky faz isto, Marky faz aquilo... Adoptar esse nome nos Ramones foi como que homenagear a minha velhota (risos).

Como é fazer parte do “Rock 'n' Roll Hall of Fame” para onde os Ramones entraram em 2002? Foram aliás a primeira banda punk a figurar no “Rock Hall”...
É uma honra para nós porque estamos ao lado de alguns dos nossos ídolos: Beatles, The Kinks, Chuck Berry, Elvis Presley e outros.

Como lidou com a morte do Joey (vocalista), do Johnny (guitarrista) e do Dee Dee (baixista)?
Quando o Joey morreu (em 2001, de Cancro) senti que naquele momento a banda tinha terminado mas que o seu legado e a lenda que ajudámos a criar jamais iria acabar. Foram momentos trágicos e muito dolorosos. Fui o único Ramone a visitar o Joey no Hospital e isso deixou-me abalado. Quando o Dee Dee morreu senti que perdera o meu melhor amigo.

O público nos espectáculos do “Marky Ramone and Friends” são compostos por três gerações diferentes...
Lá porque envelhecemos não quer dizer que nos tornamos velhos (risos) e é sempre bom ouvir as músicas com as quais crescemos. Acho que é isso que acontece nos nossos espectáculos. É simpático e bom ter novos fãs, significa que os Ramones ainda são capazes de atrair. Isso para nós é mais importante do que conseguir um “hit single”.

Ainda há algum material dos Ramones por editar?
Há umas demos das gravações de “Road to Ruin” - o primeiro álbum dos Ramones com Marky na bateria – e umas quantas coisas. Será material a editar como faixas bónus em futuros lançamentos da banda.

Está a finalizar uma autobiografia intitulada “Marky Ramone: Faith in the Backbeat”, que estará nas livrarias em 2007...
O livro está quase terminado e haverá montes de surpresas nele. Todas as minhas recordações de 15 anos com os Ramones estão lá. Não será como os livros do Dee Dee, que eram muita ficção (risos). Será algo especial, como o concerto em Lisboa.

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No espectáculo “Marky Ramone and Friends” em Espanha e Portugal, o baterista dos Ramones é acompanhado por Sebastian Expulsado, vocalista da banda punk argentina Expulsados, Alex Kane e Clare pproduct, guitarrista e baixista, respectivamente, dos AntiProduct.

A primeira parte do concerto no Santiago Alquimista, em Lisboa, no dia 3 de Janeiro, estará a cargo da banda punk portuguesa The Vicious Five e do DJ Zé Pedro (guitarrista dos Xutos e Pontapés). Os ingressos poderão ser adquiridos pela Internet, em ticketonline.pt. A venda antecipada custa 15 euros. Na bilheteira custará 20 euros. O espectáculo tem início marcado às 22h00.

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"I Believe in Miracles" - The Ramones

1 comentário:

Anónimo disse...

Cuidado que o obsessão é uma doença perigosa! bolas deves estar apaixonado pelo gajo! ...