Ateísmo, niilismo, anarquia social, caos generalizado ou o apenas punk-rock em toda a sua normalidade? O concerto dos ingleses GBH, anteontem à noite no Hard Club, em Gaia, foi um misto de tudo isso - a que se juntou uma violência 'hooliganesca' que, definitivamente, não se encontra nos manuais de boas maneiras.
A renovada banda de Birmingham, que apenas mantém no 'line-up' original de há 25 anos o endiabrado vocalista Colin (Col) Abrahall, é agora o baterista Scott Preece (que anteontem completou 40 anos), o baixista Michael Cayle e o guitarrista Karl.
Mas é Colin o seu epicentro criativo e teatral embriagado e arrojado semeou o caos. "Estão felizes e bêbados o suficiente para curtirem? Também eu!", disse. A provocação deixava antever o que ai viria.
Endiabrado, Colin saltou, rastejou em palco, fez 'stage diving' enquanto provocava a assistência, composta por escassas 300 pessoas. A última actuação da banda em Portugal acontecera no Ritz, em Lisboa, há quase dez anos, pelo que anteontem era esperado mais público. Ainda assim, a plateia, composta por portugueses e muitos espanhóis, foi irrequieta.
"No survivors", "Time bomb", "Drugs party in 526" e "Catch 23" incendiaram o público. Os corpos, movidos a cerveja, criaram uma imagem selvática, comparável a um motim. O 'mosh' foi intenso e frenético. Do palco chegavam mais petardos. Colin não aguentou - a sua adolescência há muito que já lá vai - e dobrando-se sobre si mesmo acabou por despejar em palco parte do álcool que havia consumido. "Foi qualquer coisa que comi que me caiu mal...", ironizou, ao JN, o inglês.
Certo é que Colin não voltou à cena após o insólito episódio. Niggar, um espectador portuense, trepou para o palco e, com autorização da banda, debitou o clássico "Sick boy" - de resto, muito apropriado ao momento.
Foi então que Danny Abrahall, 'roadie' da banda e primo de Colin assumiu a vocalização. "Gimme fire", "City baby "Attacked by rats", "Big women" e "Alcohol" fizeram ainda parte do alinhamento.
Para o final, os GBH guardaram "Generals" "But where were the generals when you needed them most?", cantou Danny. O general Colin há muito que tinha seguido para um hotel do Porto.
No aquecimento, o espectáculo contou com actuações dos portuenses Freedoom e Angriff, de Mangualde.
** Paulo Dâmaso in JN
2 comentários:
Ei Paulo, grande concerto, eheh, pena mesmo o Colin já não se aguentar nas canetas.
Saudações do Bruno de Leiria!
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