Sem coros em harmonia, orquestrações majestosas ou fantasia pop encenada, o punk-rock continua vivo e assiste-se ao revivalismo do movimento, desencadeado nos finais dos anos 70, em Inglaterra. A confirmação aconteceu no campo de futebol da freguesia de Brenha, na Figueira da Foz, anteontem, durante o “5º Festival Rock Brenha Arder”.
Foram poucos os que trajaram a rigor. Apenas meia dúzia de festivaleiros vestiam jaquetas de couro com rebites e mensagens inscritas, ostentavam cortes de cabelo à moicano (colorido ou espetado) – e se moda é, juntamente com a música, o aspecto cultural mais característico e evidente do punk. É certo que a atitude não se perdeu e a prová-lo estiveram seis bandas que destilaram punk-rock, ainda que em correntes musicais diversas descendentes do estilo original.
O “papel principal” da noite pertenceu aos Mata-Ratos, banda formada em Oeiras, em 1982. “A minha sogra é um boi”, “Napalm na Rua Sésamo” ou “Leis de Merda” foram alguns dos 20 clássicos que o grupo de Miguel Newton fez desfilar. Para o ano, revelou o músico ao JN, a banda terá no mercado um novo trabalho discográfico.
Mas coube aos Preachy Boys lançarem os primeiros petardos da noite. Uma sonoridade sibilante – actuaram sem baixista – não suscitou interesse. Desempenho idêntico tiveram os Tribasativa.
O meio milhar de pessoas que assistiram ao evento centravam, por esta altura, as atenções nas barraquinhas de comes e bebes.
A essência a uma erva chamada Maria era suficiente para levar qualquer um até ao “despromovido” Plutão quando os The Ex-lovers Sex; de Coimbra, os portuenses Motornoise (com o vocalista Frágil a cantar a sentado devido a um acidente), e os figueirenses Deskarga Etilika “prepararam” o terreno para os Mata-Ratos.
Como nos velhos tempos, a polícia – eternos “amigos” dos punks – não faltou à festa. Elementos da GNR local apareceram no recinto dos concertos com a intenção única (?!) de verificar a conformidade da documentação necessária para a realização da festa. Discretos - poucos notaram a sua presença no local - não impediram ou interromperam qualquer actuação. Em Portugal, o punk está vivo (banalizado é certo) e recomenda-se.
**Paulo Dâmaso, in JN
Sem comentários:
Enviar um comentário