sábado, 1 de julho de 2006

# 1262. MORREU O SR. CAPITÃO...

Cada vez que morre alguém que, de uma forma ou outra, me é próximo, fico com uma sensação de nostalgia, medo e impotência. Ontem, cerca das 21 horas, um vizinho deu-me a triste notícia:

"Então, já sabe quem acabou de falecer?!", atirou.
"Não, não sei. Venho agora a chegar do trabalho", respondi.

Mas os meus olhos, num acto irreflectido, colaram-se de pronto à casa do sr. Capitão. Ainda hoje não sei o seu primeiro nome, pois sempre o tratei por "Sr. Capitão", já que era um capitão na reserva...

O Sr. Capitão era uma daqueles vizinhos por quem há longos anos, há mais de 20, tenho uma grande estima. Homem simpático, calmo, prestavel e afável... Cresci com a amizade da família, em especial dos seus netos, o Rogério e o Filipe...

Fui invadido por um vazio que não consigo explicar... A doença doença degenerativa que o atormentava, pressumo que Parkinson, acabou por vencer...

Ainda à coisa de três dias fui ajudar a esposa a levanta-lo do chão. Caira do sofá quanto se preparava para ir à casa-de-banho... Quando o levantei, num gesto de agradecimento, deu-me um daqueles apertos de mão "à ya, man! tass bem"...

Sem conseguir falar, olhou-me nos olhos, como quem me queria dizer: "Vê lá tu, o homem forte que fui e hoje tens tu que me ajudar a levantar! Obrigado!"

Aquele olhar, confesso, perturbou-me. Foi a última vez que o vi e será essa a imagem que guardo... Um homem forte e lutador até ao fim, infelizmente derrotado pela doença, mas sempre simpático e amigo do outro...

À família enlutada os meus votos de pesar...
Quanto a si, ATÉ SEMPRE SR. CAPITÃO!

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