quinta-feira, 14 de junho de 2007

2539. ode to her

A cavalo no vento

A cavalo no vento sobrevoo
o destino sombrio deste porto,
aonde um rio vem morder o vulto
do mar confuso.
Ó mar despedaçado,
mordido em tanto flanco, o sobressalto
dos teus ombros nervosos já sacode
a terra toda!

E para quê mais portos
agressores, estaleiros rancorosos,
onde em surdina e sombra se conspira
contra a vida. . .?

. . . Contra a vida do mar e o seu poder
que só um corpo nu deve merecer!



David Mourão Ferreira
Canto II
Os Quatro Cantos do Tempo
(1953-1958)
Obra Poética
1948-1988
4.º Edição
Editorial Presença

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