quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Ética. Eis o princípio esquecido por alguns

Imagine este cenário. Está numa conferência de imprensa. Na mesma é abordada uma questão polémica - relacionada com a lei do Tabaco, que entrou em vigor no início do ano - mas, sobre a qual, a fonte não quer prestar declarações públicas.

Aos cinco profissionais da Comunicação Social presentes, a fonte avisa que apenas emitirá a sua opinião em “off” e pede, inclusive, para que seja desligado um gravador que está à sua frente.

A fonte dá a sua opinião sobre o assunto, sempre em “off”, enquanto que os profissionais param de escrever, ficando meramente a escutar a apreciação da fonte. Um alvitre válido mas que, repete a fonte, “é em off”.

Um “off” que se mantém até ao final do assunto.

No dia seguinte, quatro dos cinco profissionais da Comunicação Social presentes na conferência de imprensa não tocam no assunto. “Claro, então se era em off!”

Um dos cinco, furou o “contrato” e publicou declarações proferidas em “off” pela fonte. Mais grave. Chegou mesmo a avançar que as declarações foram ao seu Órgão de Comunicação Social (OCS) quando, na realidade, foram ditas à frente dos colegas, e de outras pessoas, presentes na sala. Sempre em “off”.

Contactada, a fonte confirmou, no dia seguinte, que não prestou quaisquer declarações públicas exclusivas ao referido OCS.

Há quem ouse quebrar o “off” ainda que o mesmo tenha sido, por diversas vezes, pedido pela fonte.

1- Seria o peso e a relevância da informação de tamanha importância que justificasse essa violação do contrato?
2- O “off” deve ou não ser respeitado?
3- É ou não falta de ética profissional desrespeitar um “off”?

"Para mim off é off. Quando se estabelece que a informação não deve ser divulgada, é como um contrato, ele não pode ser quebrado", disse, em 2003, Mário Andrada e Silva, na altura director editorial da Agência Reuters, no Brasil.


A situação a que hoje me refiro aconteceu na Figueira da Foz. O conteúdo de uma conversa em “off” vem hoje escarrapachado nas páginas de um jornal.

Um caso que merece reflexão...

27 comentários:

Anónimo disse...

Será isto o que se chama estar em off-side?

Anónimo disse...

não digas nada parece que já adivinhei quem é a personagem.
Não foi já caracterizado noutro espaço da blogsfera?

Anónimo disse...

Totalmente de acordo.
Assino por baixo,

um colega

Anónimo disse...

Isto realmente!
Já não há respeito pelas pessoas!
Para vender mais meia duzia de jornais, as pessoas fazem uma coisa destas!
Há uma falta de ética, não só no jornalismo, mas como em todos os sectores desta sociedade! Não nos podemos esquecer nos politicos sem ética, nos advogados sem ética, nos médicos sem ética, nos pedreiros sem ética, etc. Anda tudo à procura do mesmo... a falta de vergonha das pessoas começa a ser desesperante!
Meu Deus, vem cá baixo ver o q se passa, pois não fazes a minima ideia!
Q vergonha! Ainda dizem q tu paulo estragas o jornalismo! ao pé disto n fazes nada de mal!

Anónimo disse...

Esperem lá, não percebi! Uma pessoa numa conferência de imprensa pede para que a sua opinião seja em of? Há algo que não bate certo. Então para que foi a conferência de imprensa?

Anónimo disse...

quem o fez, ao que vou lendo, é useiro e veseiro nisso... mas o tempo vai ensiná-lo.
Já é uma pessoa que se nota inferiorizada por si mesmo, anti-social e quando as pessoas são "bichos" a cidade vai marginalizá-lo como está a acontecer. Só quem precisa dele é que o vai utilizando, mas a inteligência dele ainda não chegou ai.

Anónimo disse...

Isso das declaraçoes em OFF tem muito que se lhe diga.Eu,como jurista que sou faço uma pergunta que me parece pertinente: então e se as declarações em OFF configurarem matéria criminal?Deverá o profissional fazer prevalecer esse dito "contrato" ou despir as vestes de jornalista e cumprir o dever do normal cidadão dando noticia do ilícito ás autoridades competentes?

Paulo Dâmaso disse...

Segundo o Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses, aprovado em 4 de Maio de 1993, numa consulta que abrangeu todos os profissionais detentores de Carteira Profissional, refere o seu ponto 6 (...) "O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar para canalizar informações falsas".

Aliás, Mário Andrada e Silva - diretor editorial da Agência Reuters, no Brasil, em 2003, defendeu ainda que "se a informação que você recebeu for importante para uma investigação, por exemplo, não precisa divulgar no meio, basta prestar depoimento".

Anónimo disse...

Será?

http://www.asbeiras.pt/?area=coimbra&numero=54300&ed=09012008

Anónimo disse...

Certo, compreendo que como profissionais devam obedecer ao vosso código deontológico, tal como eu obedeço ao meu, sob pena de me serem aplicadas sanções.
Mas um pressuposto não poderá nunca ser esquecido...é que existe uma hierarquia de leis a respeitar,e nenhum código deontológico se pode sobrepor à lei substantiva de um estado de direito, no caso que exemplifiquei, à lei penal portuguesa, que nos obriga a, caso tenhamos conhecimento de factos indiciários de matéria criminal,comunicá-los ás autoridades.
Minha opinião claro, que será obviamente discutível! ;)

Já agora parabéns pelo Blog.

Anónimo disse...

Hoje nao li os jornais... em qual saiu?

Paulo Dâmaso disse...

Ao JOE,

Cumprir o "off the record" é, para mim, como uma confissão a um padre: é inadmissível revelar uma declaração de uma fonte que o faz em "off"

Anónimo disse...

Então e os jornalistas alinham no Off pedido pela fonte? Está à vista a cumplicidade e/ou a promiscuidade com a font, seja ela quem for. Para um jornalista profissional não há Off.

Anónimo disse...

"para um jornalista profissional não há Off"? Deves ser pedreiro, a pensar assim

Anónimo disse...

Desculpem a minha ignorância até porque não sou jornalista. Mas pergunto se é correcto uma pessoa revelar oque outra lhe pede para não o fazer?
Eu penso que não é. Se o jornalista em causa o fez, agiu mal e deve um pedido de desculpas aos restantes colegas e, até, aos visados na notícia.

R disse...

Querem ver que não há código deontológico para o jornalista profissional..

Anónimo disse...

Como em tudo na vida, faz-se o que dá mais jeito. Se fosse um ministro a revelar em off que cheirava cocaina, ou era homossexual ou tinha desviado uma verba, lá ía o off pró catano em nome da verdade e da justiça, mas como foi uma opinião sobre algo que não dá manchete arremessa-se o código deontológico pra cima do desgraçado que furou o off.

jls disse...

Mais uma vez o senhor Paulo Dâmaso resolve por em causa a honestidade e idoneidade profissional de uma pessoa, nem que para isso tenha de usar ARGUMENTOS MENTIROSOS. Ora, a verdade é o senhor Paulo Dâmaso não conseguiu, para si próprio e sobre o mesmo assunto, declarações que FORAM FEITAS ao jornal. E, como não conseguiu, argumenta com uma violação de "off" que NÂO EXISTIU. Resta, pois, alertar os comentadores deste blog de que estão a comentar uma SITUAÇÃO INVENTADA pelo senhor Paulo Dâmaso. Aliás, podem ficar cientes de uma coisa: ainda vamos ver o senhor Paulo Dâmaso A PEDIR DESCULPAS sobre este texto. Acreditem... como sempre faz, este senhor vai acabar por arranjar uma justificação para mais um disparate da sua lavra e penitenciar-se por isso. AQUI OU NOUTRO LADO QUALQUER!

Anónimo disse...

não sei quem é o anónimo anterior, mas deve ser alguém a querer defender a sua dama..., em jeito de "provedor", sem razão, porque o que o sr. Paulo Damaso escreveu parece-me correcto e não vi nenhum outro jornal, além do que deu a notícia, falar no assunto. Porque terá sido. Alguém falou em "off" ou então estavam todos surdos, menos um jornalista ou é para brilhar no escuro...
Tenham juizo e postura se querm ter dignidade.

Anónimo disse...

Sou um dos jornalistas presentes nesta conferência de imprensa (José Santos)e tenho acompanhado os comentários neste blog, mas sobre os quais não quero pronunciar-me.
Talvez possa ajudar a tirar dúvidas (alerto, contudo, que o que se possa ter passado à margem da reunião desconheço), mas na conferência de imprensa em questão Paulo Damaso solicitou um comentário sobre a Lei do Tabaco, tendo o interlocutor explicado que só falava em OFF, situação que repetiu mais que uma vez conforme ia falando. Paulo Damaso foi o único a insistir para publicar o conteúdo da mesma, mas o interlocutor em questão insistiu que ERA TUDO EM OFF.

Paulo Dâmaso disse...

Ao JLS,

Ora, fico satisfeito por ver o senhor José Luís de Sousa, "provedor dos jornalistas" figueirense, entrar nesta reflexão.

Vou responder ao seu texto, senhor José Luís de Sousa, por pontos.
Para que a minha resposta não se torne muito maçuda. Espero que compreenda!

Diz, o senhor José Luís de Sousa que eu, “mais uma vez” resolvi por em causa a “honestidade e idoneidade profissional” de um camarada, usando “ARGUMENTOS MENTIROSOS”. Curioso é o facto de o senhor, no seu blog pessoal (tal como este meu espaço é pessoal) já por diversas vezes ter atacado e enxovalhado jornalistas e órgãos de comunicação social da Figueira da Foz. Exemplos não faltam.

Vamos, então, dissecar o ponto anterior. Como o senhor José Luís de Sousa não se encontrava na referida conferência de imprensa, eu desculpo-o pelas baboseiras que escreveu no seu comentário. Contudo, os meus argumentos são verdadeiros como facilmente se poderão comprovar “AQUI OU NOUTRO LADO QUALQUER!”

O pedido da fonte de expressar a sua opinião em “off” aconteceu à frente de diversas testemunhas: Andreia Gouveia, jornalista de O Figueirense; José Santos, jornalista do Diário de Coimbra, e do jornalista Jota Alves, do Diário As Beiras.

Foi feito ainda com diversas outras pessoas na sala: Graça Nelas e marido, do Sporting Clube Figueirense, outros dirigentes do clube, Fernando Maia e outros elementos do Casino Figueira e do próprio Domingo Silva, administrador da Sociedade Figueira Praia.

Penso que, até aqui, tudo entendido.

No final de uma conferência de imprensa sobre um protocolo entre o Casino da Figueira e o Sporting Clube Figueirense, solicitei ao administrador do Casino, Domingos Silva, um comentário sobre a polémica que envolve a Lei do Tabaco e os Casinos. A minha pergunta foi no sentido de saber “se é permitido fumar ou não no Casino e em que espaços”. É uma questão actual e que carece de esclarecimentos públicos.

Perante as pessoas presentes na sala, entre elas quatro profissionais (e não cinco como refiro no texto principal) da Comunicação Social, Domingos Silva recusou exprimir declarações públicas sobre o assunto por considerar que o mesmo, a nível nacional, está a ser tratado pela Associação de Casinos de Portugal.

Contudo, Domingos Silva, que entretanto me solicitou que desligasse o gravador, disse que poderia expressar a sua opinião mas que “a conversa era em off”.

Obviamente que, senhor José Luís de Sousa, insisti com Domingos Silva para que ele expressa-se as suas opiniões, bastante válidas, em “on” e para os colegas presentes na sala. Acho que como jornalista que é faria o mesmo! Mas, mais uma vez, o meu pedido foi recusado por Domingos Silva.

O senhor José Luís de Sousa afirma, com toda a convicção, que as declarações publicadas no dia seguinte “FORAM FEITAS ao jornal”. Curiosamente, antes de escrever o meu texto do post liguei ao Dr. Domingos Silva e questionei-o sobre a referida notícia.

Mais, questionei o facto de eventualmente o administrador ter dado, antes ou depois da conferência de imprensa, onde foi pedido o “off”, declarações ao jornalista/jornal em questão sobre o assunto.

“Não”, respondeu.

“Então o que me tem a dizer da notícia hoje publicada com declarações que lhe são atribuídas, quando pediu que as mesmas não fossem publicadas, por se tratar de uma opinião em “off”?”, perguntei.

“É uma notícia muito imaginativa e inteligente”, respondeu-me o administrador.

“Mas abordou ou não o assunto com o referido jornalista?”, voltei à carga.
“Não”, repetiu.

Ou seja. Senhor José Luís de Sousa, houve ou não violação de "off" ?
Se não houve quem está a faltar à verdade? Responda-me se souber!

Quanto ao resto escuso comentar, porque, como de resto, é hábito, vem aqui atirar areia para os olhos!

Anónimo disse...

A ser como o Dâmaso conta, e eu acredito no rapaz, houve falta ética e o off foi violado.

FMJ

Anónimo disse...

Para o JL andar a defender outro jornalista é porque tem alguma na manga sr beiras cuidado

Anónimo disse...

não dar com deus e com o diabo é que não. dâmaso admiro a sua coragem em denunciar estes casos.

Anónimo disse...

Deixa Damaso eles merecem-se e as P.... querem-se umas com as outras.
Quanto ao "provedor" tal pai... tal filho.

Anónimo disse...

Porque é que os jornalistas não investigam (e publicam) as despesas imorais que um determinado Vereador apresentou???

Anónimo disse...

esse zézé luís é cá um gabiru qu´eu vou tá contar