domingo, 2 de dezembro de 2007

A estranha forma de amar Peter Murphy

Foi fantástico o regresso de Peter Murphy a Portugal, sexta-feira, 30 de Novembro de 2007, no Pavilhão Municipal de Gaia. A noite fria no exterior contrastou com o ambiente, quente, que se viveu no interior do recinto desportivo.

Apenas um senão, o som não colaborou na festa revivalista que juntou cinco mil pessoas “às portas” da Cidade Invicta.

Num espectáculo a roçar uma espécie de “best of”, Peter Murphy brindou os presentes com duas horas de espectáculo e quatro (sim 4) encores. O público pedia, Murphy obedecia!

"Burning from the inside", dos Bauhaus, abriu as hostilidades. O vocalista da mítica banda gótica dos 70 sacou do baú outras pérolas como “Terror Couple Kill Colonel" e“She’s in Parties”.

Fechei os olhos e, por momentos, quase recuei ao Coliseu do Porto, ao concerto que, em 1998, encerrou a Resurrection Tour.

O sempre magnífico “The Passion of Lovers” fez-me voar até ao cenário natural de Paredes de Coura, em 2006, quando a banda dividiu o palco principal com os “deuses” The Cramps!

“The Line Between The Devils Teeth (and That Which Cannot Be Repeat)”, “Marlene Dietrich`s Favorite Poem”, “Deep Ocean Vast Sea” foram resgatados do seu album a solo “Deep”.


I wish I could speak Portuguese but unfortunately I cannot”, disparou o cantor antes de iniciar "Disappearing".

"I hurt myself today…” cantou Peter Murphy.
"O quê?!", pensei eu, "ele está a cantar Nine Inch Nails!".

Nem mais, a voz sedutora de Peter Murphy cantou "Hurt”, dos NIN. O público aplaudiu com veemência.

Do seu mais recente disco "Unshattered" ouviu-se apenas "Idle Flow" que encerrou a primeira parte do espectáculo.

Um dos momentos mais bonitos da noite aconteceu, já no primeiro encore, com o fantástico "A Strange Kind of Love». Peter Murphy, qual rapaz apaixonado, brindou a assistência com dezenas de rosas. A plateia rendida aplaudiu, mais uma vez, o mestre.

Sozinho em palco, envergava um chapéu à cowboy e guitarra acústica, qual "baladero" romântico... Mas, de facto, Peter Murphy estava apaixonado... pelo público, que retribuiu o sentimento!

Ao segundo encore da noite, com “Cuts You Up” o Pavilhão Municipal de Gaia ia vindo abaixo, tal a euforia da moldura humana, composta na maioria por trintões e quarentões.

Depois duas surpresas: as versões de “Tomorrow Never know", dos Beatles, e "Dead Souls”, dos Joy Division de Ian Curtis.

Com “Your Face" chegava o momento mais obscuro do concerto. Peter Murphy, agarrado a uma lâmpada, e num magnífico jogo de luzes a lembrar "Hollow Hills", dos Bauhaus.

As palavras hipnotizaram a plateia:

"Water Lily
Freedom
Where does the
Spirit lay?
Freedom
Lying in shadows
Of light and clay

I trace your feet
Like transparent thrones
I dream of your clinging
I am not alone
I glide with you
Draw you with kole
Your paint the river
I am not alone
"


Com “The Final Solution” terminou o espectáculo que fica, tal como diz aquele slogan de uma conhecida marca de material fotográfico, “para mais tarde recordar!”.

Na minha modesta opinião, e gosto pessoal, faltaram apenas dois temas para que o espectáculo fosse perfeito, perfeito, perfeito: “All Night Long” (do álbum a solo “Love Hysteria”) e “Kick in the Eye”, dos Bauhaus.

Peter Murphy agradeceu três vezes ao público "thank you, obrigado", agarrou as mãos aos restantes músicos que o acompanharam, fez uma vénia ao público e partiu... Até quando?


Paulo Dâmaso

(em breve fotos e videos do concerto aqui na CONFRARIA DAS BIFANAS)

3 comentários:

Anónimo disse...

"i night long" ??

Paulo Dâmaso disse...

Obrigado pelo reparo.
Gralha rectificada!

;)

M disse...

Sou uma fã do Peter Murphy e adorava ver essas fotos! :)