Joaquim de Sousa, ex-presidente da Câmara Municipal cá do burgo, disse recentemente no programa “Gostos e Sabores”, da RTPN, que “a Figueira só tem o Casino”.
Ora, vai daí, o programa, com o cozinheiro Hélio Roque, voltou a ser gravado na Figueira da Foz… no Casino!
E não é que, ao contrário de Joaquim de Sousa, o administrador do Casino Domingos Silva fartou-se de dizer bem e elogiar a cidade… Que giro, foi preciso vir alguém de fora para valorizar a Figueira da Foz!
3 comentários:
venho convidar-vos para que visitem o blog www.termasdaamieira.blogspot.com onde denunciamos todo o mal que estão a fazer à Serra, Termas e tudo aquilo que não é da Camara de Soure, nem da Figueira, nem de ninguem mas sim de todos os Portugueses...
O programa de TV
Segunda-feira, Agosto 20, 2007
O programa "Gostos e Sabores" da RTP N, apresentado pelo chef Hélio Loureiro, esteve alguns dias na Figueira da Foz. Uma das emissões teve a participação de Joaquim de Sousa - pai do autor deste blog - convidado para um programa que alia história(s) a culinária. O que por lá foi dito merece, agora, uma apreciação, visionada que foi a gravação, depois de ter recebido diversas mensagens e confrontado com outras opiniões sobre o teor das declarações, umas a favor e outras contra, naturalmente.
Diga-se em abono da verdade que estranhei quando, em Junho, soube que o meu pai tinha sido convidado para um programa de culinária. Como o programa não tinha sido (ainda) emitido, mas apenas gravado, já se especulava por esta terrinha o que o homem lá teria ido fazer. Digo que estranhei porque, em 37 anos de vida, sempre soube que coisa que o meu pai não tem são dotes culinários. Fiquei mais elucidado quando me explicaram que não ia cozinhar, antes falar sobre a Figueira. E aí, honra lhe seja feita, pouca gente estará mais habilitado do que ele, goste-se ou não do que tem para dizer.
Pelas reacções depois do programa, muita gente não gostou. Criticaram-lhe a forma e o local, como só se pudessem dizer verdades à mesa do café e nunca na televisão. Chegaram a acusá-lo de ter dito coisas que não disse, característica, aliás, de muitos desinformados militantes - para não lhes chamar outra coisa - que opinam sempre da mesma maneira, com alvos pré-definidos, seja o que for que esteja em causa. Esses, de várias castas, incluindo os analfabetos funcionais e os cobardes que se escondem no anonimato para atingirem tudo e todos - coragem para assinar o nome ou dar a cara é que 'tá quieto - só merecem desprezo e indiferença. Não acrescentam nada de válido à discussão. Mas também houve quem, de forma cordata, questionasse o que foi dito, assumindo a sua posição e opinião crítica, felizmente livre neste país. E ainda houve quem concordasse em absoluto com as declarações, prova cabal de que, como em tudo, há sempre duas correntes, uma contra e outra a favor.
O programa, com 27 minutos de duração, teve por cenário o palácio Sotto Mayor e a história do edifício, do seu proprietário e da zona adjacente, abriu a conversa. Hélio Loureiro foi colocando questões ao mesmo tempo que preparava a receita, açorda de ouriços do mar com robalo. Ficámos a saber pelo cozinheiro que os ouriços - definidos como "um marisco delicioso, é o que sabe mais a mar" - são pouco usados na gastronomia nacional. Pouca gente os apanha no nosso país e a maioria vai para Espanha e França onde são muito apreciados. "Lá é consagrado, aqui vêmo-lo passar", disse.
Sobre o resto que por lá foi dito - exceptuando a receita, que este texto, definitivamente, não é sobre culinária - decidi dividi-lo em temas, tal qual as questões colocadas e respondidas por Joaquim de Sousa. Que, note-se, afirmou que não era especialista em gastronomia. Não é, nem pouco mais ou menos, atesto-o eu!
Figueira da Foz
"Não é difícil gostar-se da Figueira. A grande qualidade que tem é que é uma terra muito bonita e com uma vida calma e pacata que, realmente, já não se encontra em cidades de maior dimensão".
"É uma praia atlântica, todas as praias se reconverteram, a Figueira da Foz tardou em reconverter a sua economia, está hoje num certo impasse"
"E hoje em dia a época da Figueira da Foz está reduzida a três semanas, já nem é um mês. Nisto interessa ser claro, não vale a pena fazer propaganda enganosa".
Casino
"O Casino, realisticamente, é hoje o grande atractivo, diria quase o único, que a Figueira da Foz ainda tem. É uma marca histórica e actual da Figueira da Foz"
Caminho-de-ferro
"Foi o caminho-de-ferro que trouxe o turismo para a Figueira da Foz"
"[A Figueira] foi das zonas litorais do país a ter ligação privilegiada com Espanha desde muito cedo. Isso potenciou muito a Figueira da Foz como estância balnear"
Relação com Espanha
"É a praia mais próxima de Madrid"
"Com a A25 a colónia espanhola afastou-se da Figueira para a Costa Nova, Barra e Aveiro"
"Restam algumas familías tradicionais. A Câmara tem feito ultimamente alguns esforços para lembrar a Zamora, Salamanca e Valladolid que [a Figueira da Foz] é a praia tradicional dessas zonas]
"Essa ligação com Espanha é fundamental à Figueira da Foz"
Hotéis e Congressos
"Foi sempre um local com grandes potencialidades para congressos e seminários. Mas a certa altura a capacidade hoteleira ficou degradada, até ao CAE não havia salas para fazer seminários e congressos, que é um segmento de mercado em que a Figueira da Foz tem de apostar"
Turismo
"Não gosto de discutir a Figueira da Foz só a propósito do turismo. Mas turisticamente tem de se dizer a verdade: a Figueira da Foz não passa hoje de uma praia de proximidade. Será talvez desagradável a alguns figueirenses ouvir isto, talvez os choque, mas a verdade é que hoje somos, meramente, uma praia de proximidade. As pessoas vêm de manhã e vão à noite, outras passam cá o fim de semana"
Animação
"Havia grande animação para os miúdos, quase diária. Era simples e relativamente barata. Até havia uma praia conhecida como a praia das crianças"
"Hoje tem animação que custa muito dinheiro e traz gente episodicamente, de ida e volta. Não fixa ninguém durante o Verão na Figueira da Foz"
Gastronomia
"A Figueira tem, na realidade, poucas tradições gastronómicas"
Qualidade da restauração
"A irregularidade do movimento no Verão, onde há muita gente para ir aos restaurantes, normal nas grandes praias e urbes, e no Inverno às moscas, sobredimensionados, dá-lhe uma qualidade que seria muito necessário melhorar. Não vejo que esteja a melhorar, por mais festivais que façam"
"Mas enfim, é um sector a que é preciso hoje em dia estar atento"
"Não sou a pessoa indicada para fazer propaganda na Figueira nesse particular, porque sou muito céptico. Há uns anos havia o slogan "Na Figueira come-se bem" e eu sou muito céptico relativamente a isso. Acho que vale mais dizer a verdade do que metermos a cabeça na areia"
"Mas em alguns sítios come-se bem, não apontei tanto que não se come bem. Se calhar é uma fatalidade, o serviço em grande parte da restauração da Figueira,é irregular, muito diferente do Verão para o Inverno".
Com base no acima exposto, qualquer leitor médio que conheça minimamente a Figueira terá dificuldades em discordar. A não ser que comungue do incrível argumento de alguns iluminados - quem sabe saudosos do tempo da "outra senhora", preferindo cochichar à mesa do café a assumirem o que está á vista de todos - de que não se pode fazê-lo na televisão! Como se fosse mentira que a Figueira não é propriamente conhecida pela qualidade da sua restauração. Há excepções, como em tudo, mas, no geral, come-se mal. E paga-se bem, faltou dizer isto! Como se fosse mentira que o Casino, actualmente, é a única marca pela qual a Figueira é (re)conhecida, a única marca vendável, para além do trio sol, mar e serra, o qual, por si só, não dá sustento a ninguém! Como se fosse mentira que se gastam - gastaram, eventualmente - rios de dinheiro em animação e que a parca que vai existindo não atrai ninguém, a não ser por um mísero dia, uma mísera noite! Como se fosse mentira que estamos transformados numa praia de proximidade, um destino de ida e volta no mesmo dia, sem hotelaria de qualidade nem equipamentos de nível, com a óbvia excepção do Centro de Artes e Espectáculos e o já citado Casino.
A minha crítica à entrevista vai para a afirmação da falta de tradições gastronómicas. Não concordo, pois embora sendo certo que os pratos "típicos" que aqui existem há-os em quase toda a costa atlântica, são uma mais valia da Figueira, assim a restauração os promovesse devidamente, com mais qualidade e menos festivais à mesa dos restaurantes, que não servem para nada. Nesse particular uma palavra para a Festa da Sardinha, pelo que já foi, pelo impacto que já teve e que só a "carolice" de meia dúzia de pessoas mantém, felizmente, viva, contra as politiquices e interesses instalados dos empresários do ramo.
Em suma: onde uns vêem um discurso derrotista na entrevista, eu vejo honestidade. Mais: onde alguém logrou dissertar sobre a esperança de vida (!) dos mais velhos, defendendo os jovens e quase argumentando que é tempo dos mais velhos se calarem - esquecendo-se que, mais do que um posto, a "velhice" significa experiência acumulada - eu vejo... uma imbecilidade de todo o tamanho!
Nota final: os anónimos comentadores que à falta de argumentação saudável e inteligente resolveram, como habitualmente, partir para o ataque pessoal, para a calúnia e agressão gratuita, escusam de se cansar a comentar este texto, se resolvem ir pelo mesmo caminho. É que vão escrever... para o boneco!
publicado por jls 8:24 AM 4 comentário(s)
marcadores: Gostos e Sabores, TV
O senhor José Luís de Sousa vem defender o que não tem defesa. Compare o programa em que o seu pai participou e veja a diferença com o programa que foi gravado no Casino e com o que disse o administrador daquele espaço o Dr. Domingos Silva.
Enviar um comentário